5.11.14

Cadáver delicado IV

Romarias corrompiam asas de xícaras douradas
Chamas chamavam escudos esquivos de escuridão
Que abrigam homens decompostos de solidão
O choro sem lágrimas que trava à borda das nuvens.

Foi no sorriso da palha que o bronze cavou a própria cova
Foi no sono da falha que a noite se mudou em lua nova
Depois dos três dias, a carne nossa resiste a toda prova
A trova rosa range o espinho dentro da alma-sêma.

Erguer a tropa foi seu fomento áureo
Seu ouro foi erguido pelas tripas de fermento.
As sendas de veias por que sento
Oceano infindo jorrando petróleo pelo cu.

Pinguins contemplavam o ardor negro do espetáculo
O receptáculo ártico e o calor se desfazem no vernáculo
De mil anos traçados em nosso fado
O velho do restelo desassombrado quara no quintal.

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